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Versões: Impressa e E.book: 644 páginas

Gênero: Futurismo, Misticismo, Ficção Científica e Espiritualidade

Ano: 2012

 

Christofer Atkins é um programador de sistema de 39 anos que se sente condenado a viver no ostracismo da vida após ser humilhado perante os alunos recém-formados da Universidade da Geórgia nos Estados Unidos.

 

Envolvido por imensas dificuldades financeiras e emocionais, em pouco tempo é destruído pelo alcoolismo e a depressão.

 

Com ajuda de Simon, um homem enigmático e misterioso, decide sair em busca dos seus sonhos mais profundos. No entanto, carregado por um trauma psíquico que o acompanha desde a infância, transforma suas frustrações do passado numa obsessão sem controle: se tornar o maior programador de sistemas dos Estados Unidos e o homem mais rico da face da terra. Uma escolha dramática que muda radicalmente a vida da sua família e da humanidade inteira.

 

O Sistema de Doors é o sistema operacional que modificará o mundo, substituindo o atual sistema de janelas bidimensionais por um sistema de portas multidimensionais. Um sistema poderoso capaz de abrir a consciência dos seres humanos e lançá-los num mundo completamente novo.

 

Uma história intrigante que fará o leitor refletir sobre os verdadeiros valores das palavras amor e família e os avanços tecnológicos da atualidade. Um livro repleto de ensinamentos ocultos onde o autor entrelaça a impressionante história de vida de Christofer Atkins e a inevitável junção entre a ciência e a espiritualidade.

 

“Eu saúdo a sua coragem e lhe desejo toda a sorte do mundo, pois sei que é forte e não sucumbirá perante aqueles que desejam sua queda”. 

O Sistema Doors I

R$89,90Preço
Esgotado
  • Atlanta — 1983

    Assim que o sinal toca no pátio central da Harley Archer Middle School, o relógio marca exatamente meio dia, uma escola pública na periferia da cidade de Atlanta, capital do estado da Geórgia nos Estados Unidos.

    Christofer Atkins, um menino de apenas dez anos de idade sai da sala de aula acompanhado pela professora Deborah, que tenta convencê-lo que não há ninguém à espreita lhe esperando do lado de fora. No entanto o garotinho franzino e inocente não acredita em sua professora, já que conhece muito bem a fúria da gangue do Charlie-X.

    Além de enfurecidos, os membros da gangue de Charlie são altos, fortes e fazem parte do time de basquete da escola. O mais baixo do grupo mede um metro e oitenta e oito de altura. São seis garotos no total, prontos para surpreender o tímido e introvertido Christofer.

    Por que querem tanto pegar o garoto?

    Simplesmente porque o pequeno Christofer acaba de agredir o irmão mais novo do chefe da gangue Charlie Smith, mais conhecido nas redondezas como Charlie-X, pois se parece muito com o famoso Malcolm X, tanto fisicamente como ideologicamente.

    Charlie-X é um garoto negro de dezesseis anos de idade, revoltado com a vida e as condições sociais em que sua família vive. Um aluno repetente e temido por todos, extremamente violento e pouco disciplinado. Devido às seguidas repetências, ele acabou se tornando o aluno mais velho da escola.

    Ele não é de todo bruto e insensível como demonstra, mas possui uma convicção que não o deixa atrás nas discussões que acontecem às escondidas nos vestiários da escola sobre assuntos como a discriminação racial, a revolução contra os brancos ricos e a importância dos negros nos Estados Unidos no início da década de oitenta.

    Talvez Charlie-X almeje realmente mudar o mundo. Até aí tudo bem, pois não é estranho ver um garoto de dezesseis anos andando pela periferia de Atlanta querendo mudar a comunidade em que vive.

    É do tipo provocador que não aceita ser desafiado, ainda mais se alguém da sua família estiver envolvida, principalmente seu irmão mais novo Burt Smith, que coincidentemente estuda na mesma classe do pequeno Christofer Atkins, e ambos têm apenas dez anos de idade.

    São crianças e adolescentes vivendo num ambiente de enorme pressão social. É assim que acontece na Harley Archer School. Tudo muito intenso, e às vezes dramático.

    A primeira vista parecem crianças mal educadas e enraivecidas pela influência conturbada do início dos anos oitenta. Mas na periferia de Atlanta as coisas realmente borbulham com mais intensidade do que em qualquer parte dos Estados Unidos.

    É claro que não existe um motivo real para tantas contestações, mas as inquietações existem e fazem parte da vida dessas pequenas crianças quase adultas.

    Além das constantes inquietações, é perceptível entre os jovens da periferia, uma crescente vontade em se tornarem pessoas aceitas e reconhecidas pela sociedade. Na verdade todos almejam se transformar em pessoas ricas quando chegarem à idade adulta.

    Logicamente, nenhum aluno afirma que está à mercê da força arrebatadora que vem das classes sociais endinheiradas, as classes dominantes que divulgam e promovem constantemente a cultura do sucesso financeiro e da riqueza sem limites, a base da ideologia yuppie, a dura filosofia dos brancos ricos que começa a brotar com força em New York e nas principais capitais do país.

    Uma ideologia baseada na conquista e no sucesso pessoal, provocando surdamente as pessoas ao redor do país e do mundo. Uma força extraordinária que chega através da televisão, dos filmes, das músicas, dos produtos e das propagandas, dizendo que os seres humanos são capazes de vencer tudo se tiverem acesso ao poder e o dinheiro. Ou seja, é a lei da vitória a qualquer custo sendo imposta a população de forma subliminar.

    A palavra de ordem é simples e direta: dedique sua vida ao trabalho árduo e siga os novos padrões estipulados. Se por ventura trabalhar dezesseis horas por dia e passar por cima de tudo para conquistar o que deseja, em pouco tempo comprará carros luxuosos, usufruirá do conforto e da luxúria, comprará roupas bacanas, viajará ao exterior, frequentará restaurantes caros e famosos e experimentará bebidas e cigarros caríssimos. Caso seja homem terá muito mais do que apenas dinheiro, conquistará mulheres bonitas e sensuais e terá acesso à tão sonhada felicidade através da fama e do poder. Dessa maneira todos os problemas e vazios emocionais serão resolvidos através do dinheiro.

    No fundo, mesmo fazendo uma enorme apologia contra a burguesia dominante, todos desejam ficar milionários e construir uma vida de sonhos um dia, afinal é a ditadura do capitalismo desenfreado que está em jogo no início da glamorosa e colorida década de oitenta.

    O que os pobres estudantes não sabem é que todos estão mergulhados numa atmosfera de normalidade e seguindo as normas impostas pela sociedade ao invés de seguirem suas próprias naturezas.

    Essa é a regra, a riqueza material é o grande objetivo, a grande meta dessa geração.

    A ideologia yuppie dos anos oitenta é a nova filosofia que chega para moldar a vida dos homens e das mulheres de meia idade, as mesmas pessoas que viveram intensamente a época dourada dos anos sessenta e a liberdade do Woodstock. No entanto, a força da modernidade é tão avassaladora que as pessoas deixaram a ideologia de paz e amor para trás e optaram por assumir a ambição material como base das suas vidas.

    Já, a geração de Charlie-X e Christofer Atkins, que não viveram a fase da liberdade e do amor livre dos anos sessenta, sentem-se perdidos diante da ânsia desenfreada que seus pais, professores e governantes veem sentindo pelo dinheiro. Estão vendo todos os seus ídolos entrando de cabeça num mundo regido pela vitória financeira a qualquer custo.

    O que eles não sabem é que a cultura yuppie (Yuppie: uma derivação da sigla YUP, expressão inglesa que significa Young Urban Professional — Jovem Profissional Urbano), é algo que nunca aconteceu na história dos Estados Unidos. Um movimento poderoso que transformou uma geração inteira.

    Uma força indescritível borbulha entre os jovens. Não somente entre os jovens ricos e filhos de milionários, mas também entre os jovens pobres da periferia como Charlie, Burt, Christofer e todos os meninos de classe média que começam a entrar no pujante mercado de trabalho que se formou após a guerra do Vietnã e a conturbada renúncia do presidente Richard Nixon.

    Infelizmente, e por um motivo aparentemente ridículo, Christofer Atkins arruma uma tremenda encrenca com seu colega de classe Burt Smith, o irmão mais novo de Charlie-X, durante a aula de história da senhorita Deborah Jones. Um evento que pega o tímido Christofer desprevenido e acaba mudando sua vida completamente a partir desse fatídico dia.

    Burt Smith é um garoto negro, pobre, inquieto e pouco disciplinado dentro da sala de aula, exatamente como seu irmão mais velho, o temido Charlie-X.

    Durante a aula de história, enquanto a professora Deborah Jones explana a matéria sobre racismo, escravidão americana e as transformações da vida urbana após a proclamação da emancipação feita pelo Presidente Lincoln, o pequeno Burt se levanta da cadeira e começa a esbravejar dizendo que sua vida é uma porcaria por causa dos brancos malditos que escravizaram seus antepassados e dominaram o seu país.

    O menino de apenas dez anos de idade, com cabelos grandes imitando o estilo Jackson Five, traz um semblante enraivecido e um discurso quase adulto sobre a discriminação racial.

    Na verdade, o pequeno Burt repete apenas as palavras que seu irmão Charlie costuma proferir, que por sua vez repete tudo o que sua mãe Hellen Smith diz em casa enquanto lava a louça e prepara o jantar. Ou seja, a origem dos discursos envolventes e inquietantes de Charlie-X, os mesmos que influenciam profundamente sua gangue e seu irmão Burt, vem de dentro da sua própria casa, através dos ensinamentos da sua mãe Hellen Smith.

    Hellen é uma mulher amargurada de quarenta e sete anos de idade, autoritária e extremamente solitária. Seu marido a abandonou assim que descobriu sobre a gravidez do segundo filho Burt Smith, em 1973.

    Apesar de ter sido muito maltratada pela vida, Hellen se orgulha dos filhos, principalmente quando os vê defendendo suas origens negras de maneira incisiva e marcante. Ela só não se orgulha das notas baixas que chegam bimestralmente em seus boletins e quando recebe alguma carta de suspensão do diretor da escola, o senhor Willian Black.

    Durante uma breve discussão com a professora Deborah Jones, o pequeno Burt repentinamente vira seu corpo franzino e aponta o dedo para Christofer sem qualquer motivo aparente.

    Por que Burt Smith age dessa forma estranha?

    Christofer é o único menino branco da classe. As outras quarenta e duas crianças são negras ou descendentes de negros.

    Assustada, a professora Deborah, que por sinal também é negra, pergunta para Burt por que ele tem tanta raiva dos brancos. Burt olha para a professora e não hesita em responder que seus antepassados foram escravizados durante décadas e maltratados a chicotadas como se fossem animais, e isso tudo aconteceu para sustentar os desejos insaciáveis dos influentes ricaços de pele branca e olhos azuis que comandavam o país durante o século dezenove.

    Não compreendendo a ira do garoto, a professora Deborah faz novamente a pergunta, mas desta vez com mais ênfase:

    -Burt, quem lhe disse essas coisas? Você é muito novo para ter tanta raiva dos brancos! É muito estranho ver um menino da sua idade falando com tanta propriedade sobre este assunto.

    Burt se levanta da cadeira com os olhos vermelhos de raiva e responde:

    -Foi minha mãe que me ensinou.

    Burt olha para Christofer com semblante raivoso e Deborah se aproxima do menino:

    -Burt, eu quero lhe fazer uma pergunta e gostaria que me respondesse com sinceridade.

    -Sim senhorita Jones.

    De repente todos os alunos fixam os olhos na professora acreditando que Burt será repreendido por ter desrespeitado o pequeno Christofer Atkins.

    Visivelmente nervoso Burt começa a chorar com medo da suposta repreensão da professora. Senta na cadeira, coloca a cabeça entre os braços para esconder o rosto choroso e resmunga baixinho:

    -Faça o que quiser comigo professora! Eu respondo tudo o que a senhorita quiser. Desculpe, eu não quis ser mal educado.

    Deborah se aproxima e coloca a mão sobre sua cabeça.

    -Fique calmo Burt, não vou repreendê-lo. Só quero saber por que você apontou o dedo para Christofer com tanta raiva. Por que seu olhar se transformou ao se referir aos negros escravos, os seus antepassados?

    -Não sei professora. — Burt tenta responder, mas está confuso. Certamente existe algo mais profundo afetando as suas emoções. Fica claro que a sua raiva é inconsciente e involuntária.

    Deborah enfatiza e pergunta outra vez:

    -Você não gosta do Christofer? Por isso apontou o dedo para ele?

    -Não sei professora. — Burt coloca a cabeça novamente entre os braços tentando esconder as lágrimas que começam a escorrer pela pele lisa do seu rosto.

    Christofer, tímido e com os cabelos lisos e louros caindo sobre a testa, fica parado sem entender o que está acontecendo.

    Nesse momento Samantha, uma menina que costuma sentar no fundo da sala, a mais velha da classe, com doze anos de idade, se levanta e diz em tom raivoso:

    -Sabe o que está acontecendo aqui professora? Eu posso explicar se a senhorita quiser.

    -Diga Samantha.

    -Ninguém da classe gosta desse tal de Christofer. Na verdade, ninguém gosta dele na escola inteira. Para falar a verdade não sei o que esse branquelo está fazendo numa escola de negros. Esse loirinho de olhos verdes e pele branquinha deveria estudar com os meninos da laia dele. Só ele não percebe isso. Desculpe, mas esse branquelo não é bem vindo aqui professora!

    Christofer olha para Samantha assustado sem entender o que está acontecendo e começa a suar frio ao ouvir o tom de voz arredio de Samantha.

    Ele nunca sentiu tamanha rejeição. Parece que alguma coisa está prestes a eclodir na classe. As crianças começam a cochichar entre si.

    Christofer é um menino que nunca incomodou ninguém e passa o tempo todo isolado. Não por se sentir uma criança diferente, mas por se sentir desprotegido depois que seu pai morreu num terrível acidente de carro na rodovia Bolton Road enquanto voltava do trabalho.

    Burt Smith toma coragem ao ver que Samantha está ao seu lado, levanta a cabeça, enxuga os olhos e diz:

    -Professora Deborah. Quer saber por que apontei o dedo para Christofer?

    -Claro que sim.

    -Minha mãe me ensinou que nunca devemos acreditar nos brancos, é por isso. Eu odeio os brancos.

    -Oh meu Deus! Por que a sua mãe disse isso Burt?

    -Porque os brancos são traiçoeiros e vingativos. E esse menino aí é branco demais para o meu gosto. E tem mais: ele tem olhos claros e esverdeados, tão claros que parecem olhos de mulherzinha.

    De repente todas as crianças da sala caem em gargalhada e começam a debochar de Christofer repetindo em voz alta o que o pequeno Burt acaba de dizer: Mulherzinha! Mulherzinha!

    Christofer fica sem jeito e seu rosto começa a ficar vermelho de vergonha.

    Deborah Jones, com apenas trinta e dois anos de idade, já está acostumada a conviver com o racismo surdo e angustiante que envolve os adolescentes da escola, mas nunca viu uma reação desse tipo no terceiro ano, com crianças de apenas dez anos de idade.

    Todos riem deixando Christofer cada vez mais nervoso. Mas ele se controla e continua sentado na terceira carteira do lado esquerdo da sala.

    Contudo, a sua paciência não dura muito. Segundos depois Christofer não suporta a insistência dos deboches e começa a sentir a força do preconceito. Seu rosto esquenta e o nervosismo já não é apenas de vergonha, mas sim de uma raiva que começa a fluir sem controle pelo seu sistema nervoso.

    Deborah percebe a indignação de Christofer e tenta agir antes que algo ruim aconteça. Mas infelizmente ela não consegue acalmar os ânimos a tempo. Christofer subitamente joga a carteira para o alto e avança sobre Burt, descarregando toda a sua ira.

    Ele não está com raiva do que Burt disse sobre os brancos e os negros escravos; muito menos sobre as diferenças raciais. Como Christofer sempre conviveu com várias crianças negras na periferia de Atlanta, nunca sentiu qualquer repúdio por parte delas. Para ele, negros e brancos eram todos iguais, no entanto, pela primeira vez em sua vida começa a compreender que existe algo mais forte entre as diferentes raças, algo que ninguém nunca havia lhe contado até então.

    A ira repentina vem à tona por causa dos deboches que abalam muito o emocional de Christofer — um menino problemático, confuso e fadado a viver dentro de uma família envolta pelo desamparo e o desamor.

    Christofer é filho único. Depois que seu pai morreu vítima de uma fatalidade, ele ficou praticamente sozinho. Após o funeral de seu pai, o dia em que viu seu avô Arthur pela última vez, Christofer passou a viver uma vida extremamente solitária e sofrida ao lado da sua mãe Natalie e do seu padrasto Robert Garcia, um vagabundo viciado em jogos de azar que sua mãe conheceu uma semana após a morte do seu marido, numa boate que costumava frequentar quando era solteira no centro antigo de Atlanta, local onde os motociclistas costumavam se encontrar para jogar pôquer, beber uísque, encontrar prostitutas e matar o tempo jogando conversa fora.

    Peter Atkins, pai de Christofer, morreu há seis meses. Após o trágico acidente o desamparado dentro da sua casa se fez presente, pois sua mãe Natalie sempre foi uma pessoa ausente devido ao vício da heroína e do alcoolismo.

    Robert Garcia, seu novo namorado, é um vagabundo profissional, viciado em pôquer e conhaque de má qualidade. Nas horas vagas ele costuma ocupar seu tempo livre praticando pequenos golpes de estelionato e roubo a mão armada.

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